Empreender é um ato de amor. A gente começa com a mão na massa, cuidando de cada detalhe, atendendo pessoalmente os clientes, garantindo que tudo saia perfeito. Com o tempo, o negócio cresce. Cresce tanto que já não dá mais pra estar em todas as frentes. E aí vem uma dor silenciosa, que poucos comentam: a dor de delegar.
Recentemente, tenho sentido isso na pele. Em muitas das minhas empresas, já não estou mais na linha de frente. E, confesso, isso me incomoda. Me pego, às vezes, frustrado ao ver algo que não foi feito como eu faria. Porque eu vejo o cliente como um tesouro. Porque sei que o resultado poderia ser ainda melhor com aquele meu capricho extra, com aquele cuidado que só quem sente a empresa na alma consegue ter.
Mas também sei que esse pensamento é uma armadilha.
Delegar dói. Porque envolve abrir mão de controle. Porque exige confiar. Porque quem executa pode errar — e vai errar. São pessoas. Cada uma com seu ritmo, seus limites, sua forma de enxergar o trabalho. E mesmo que você treine, acompanhe, oriente… nunca será 100% como você faria. E tudo bem.
Hoje, mais do que tentar controlar tudo, meu foco é formar pessoas. Criar cultura. Ensinar pelo exemplo. Mostrar o porquê do cuidado com o cliente, e não apenas o como. Porque é isso que sustenta uma empresa de verdade: um time que entende o propósito, mesmo que cada um tenha seu jeito.
Empreender não é fazer tudo sozinho. É construir algo que funcione mesmo quando você não estiver por perto. E isso exige maturidade, paciência… e uma dose de dor. Mas também traz liberdade. E, com o tempo, orgulho de ver o negócio crescendo pelas mãos de outros — mas com a essência que você plantou lá atrás.